Esta semana, o universo dos videojogos foi surpreendido pelo anúncio da venda da Electronic Arts (EA) a um consórcio de investidores que inclui a Silver Lake, a Affinity Partners e o Fundo Público de Investimento (PIF, na sigla em inglês) da Arábia Saudita, por 55 mil milhões de dólares.
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A Arábia Saudita tem investido significativamente no setor dos videojogos nos últimos anos. Segundo estimativas da Aldora, conforme mencionado pela Bloomberg, o PIF, liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, já aportou cerca de 30 mil milhões de dólares na indústria.
Vale destacar que o PIF já possuía participações na EA, detendo aproximadamente 10% da empresa antes do anúncio da aquisição. Além disso, o PIF também possui ações na Nintendo, na Activision Blizzard e na Take-Two Interactive.
Esses investimentos são parte de uma estratégia nacional voltada para diversificar a economia saudita, diminuindo a dependência em relação ao petróleo. Em 2021, Mohammed bin Salman lançou o Savvy Games Group, com o objetivo de desenvolver a infraestrutura de videojogos no país.
O Savvy Games Group, que é controlado pelo PIF da Arábia Saudita, iniciou suas aquisições na área dos eSports e, em 2023, adquiriu a Scopely, responsável por jogos como Monopoly Go!, por 4,9 mil milhões de dólares. Em março deste ano, a Scopely comprou a divisão de jogos da Niantic, conhecida pelo Pokémon Go, por 3,5 mil milhões de dólares.
No que se refere aos eSports, o PIF está por trás do Qiddiya Esports and Gaming District, que espera atrair mais de 10 milhões de visitantes por ano até o final da década, funcionando também como uma “incubadora” para projetos de desenvolvimento de videojogos.
No início deste ano, o Comité Olímpico Internacional anunciou que a primeira edição dos Olympic Esports Games ocorrerá em 2027, em Riade. Em julho, a cidade saudita foi sede da segunda edição da Esports World Cup, com um prémio recorde de 70 milhões de dólares.
Entretanto, a Arábia Saudita está a investir também fora do setor de gaming. Em maio, a Google Cloud e o PIF anunciaram uma parceria para desenvolver um hub de inteligência artificial no país, com um investimento conjunto de 10 mil milhões de dólares da Google Cloud e do PIF, em colaboração com a empresa tecnológica saudita Humain.
De acordo com o Financial Times, a Humain, também liderada pelo príncipe Mohammed bin Salman, tem como objetivo desenvolver tecnologias que incluem modelos de linguagem avançados em árabe e infraestruturas no setor de IA, como centros de dados.
Durante a mais recente edição da Snapdragon Summit, no Havai, a Humain apresentou um novo computador voltado para empresas e inteligência artificial de agentes, proporcionando uma experiência de utilizador inovadora, conforme detalhado por Tareq Amin, CEO da empresa.
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A empresa tem realizado diversos anúncios sobre o desenvolvimento de sistemas e infraestrutura na Arábia Saudita, incluindo datacenters e a criação do Stargate Campus em Abu Dhabi, além de parcerias com gigantes tecnológicos como a Nvidia e a AMD.
Os objetivos da Humain são ambiciosos; Tareq Amin já afirmou que a Arábia Saudita almeja se tornar a terceira potência em IA, atrás dos Estados Unidos e da China. O PIF também lançou outras iniciativas no setor da IA, como a Alat, que se comprometeu a investir 100 mil milhões de dólares até 2030 em hardware e infraestrutura tecnológica de IA.
Vale ressaltar que os investimentos do PIF têm gerado controvérsia. O governo do príncipe Mohammed bin Salman enfrenta acusações de múltiplas violações dos direitos humanos.
Além disso, como destaca a BBC, um relatório de 2019 da ONU afirmou que a Arábia Saudita foi responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi. A CIA também determinou que o herdeiro da coroa saudita teria ordenado o homicídio do jornalista do The Washington Post, fato que a Arábia Saudita nega.
