Empréstimos Simultâneos de Sócrates na Caixa para Cobrir Despesas

Empréstimos Simultâneos de Sócrates na Caixa para Cobrir Despesas

Em atrássto, com o financiamento reduzido para 52 mil euros, o ex-primeiro-ministro (2005-2011) contraiu um novo empréstimo de 40 mil euros e, no final de outubro, um terceiro de 30 mil euros, destinado a quitar parcialmente cerca de 40 mil euros em Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS).

O ex-primeiro-ministro José Sócrates chegou a ter, em 2014, três empréstimos simultâneos na Caixa Geral de Depósitos (CGD) para cobrir despesas que ele mesmo considerou “absolutamente exageradas”, conforme testemunhou sua gestora de conta na época.

Durante o julgamento da Operação Marquês, em Lisboa, Dina Alexandre relatou, em seu depoimento, que foram reproduzidas diversas interações telefônicas para relembrar os detalhes da conta bancária. Ela explicou que, no início de 2014, José Sócrates solicitou um empréstimo total de 75 mil euros para custear suas “despesas de instalação” para estudar em Paris e também as despesas de seu filho, que já residia em Paris com a mãe, sua ex-mulher.

Em atrássto, quando o financiamento baixou para 52 mil euros, o ex-primeiro-ministro obteve um novo empréstimo de 40 mil euros e, no final de outubro, um terceiro de 30 mil euros, destinado a quitar parcialmente cerca de 40 mil euros em IRS.

Em uma conversa com Dina Alexandre em 2014, que foi ouvida hoje no tribunal, José Sócrates expressou surpresa ao ser informado pela gestora de conta sobre suas despesas fixas de cerca de 15 mil euros, comentando que, “a ganhar tanto dinheiro”, estava “com as despesas absolutamente exageradas”.

Naquela época, o ex-governante socialista recebia um salário de pelo menos 12.500 euros por trabalhos com empresas farmacêuticas, e as despesas fixas incluíam a amortização mensal de mais de 5.500 euros dos empréstimos, um pagamento mensal de cinco mil euros à ex-mulher e o leasing de um automóvel Mercedes.

“Eu muitas vezes tive de fazer uma sistematização das despesas que [José Sócrates] tinha, para que ele percebesse que não havia como escapar”, destacou Dina Alexandre, acrescentando que o ex-primeiro-ministro costumava perguntar por telefone sobre os movimentos de sua conta bancária, onde seu salário era depositado.

A bancária também enfatizou que José Sócrates era considerado um “cliente confiável”, e que não houve qualquer tratamento especial na concessão dos empréstimos, que foram aprovados pela direção comercial com base no “padrão de rendimentos” que ele apresentava.

Todos os empréstimos foram pagos posteriormente, após José Sócrates ter sido preso preventivamente, em novembro de 2014, utilizando o dinheiro da venda de sua casa em Lisboa. Dina Alexandre admitiu hoje, em resposta a perguntas da defesa, que, se ele continuasse a receber seu salário, o financiamento teria sido reembolsado dentro do prazo estipulado de dois anos, visto que as prestações teriam sido descontadas automaticamente na entrada dos salários.

José Sócrates, de 67 anos, está pronunciado (acusado após instrução) por 22 crimes, incluindo três de corrupção, por ter supostamente recebido dinheiro em troca de benefícios em dossiês relacionados ao grupo Lena, ao Grupo Espírito Santo (GES) e ao resort algarvio de Vale do Lobo.

No total, o processo envolve 21 réus, que em geral negam a prática dos 117 crimes econômico-financeiros que lhes são atribuídos.

O julgamento está em andamento desde 03 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

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