Adeus Coreografado: Rumo à Estação Espacial Internacional

Adeus Coreografado: Rumo à Estação Espacial Internacional

Após quase três décadas em órbita, a Estação Espacial Internacional (ISS) está se preparando para sua última “viagem”: uma descida controlada até à Terra prevista para 2030. A estação será desativada e desorbitada de maneira segura, em um processo cuidadosamente planejado que marcará o fim de um dos maiores símbolos de cooperação científica da história moderna.

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Lançada em 1998 e habitada ininterruptamente desde 2000, a ISS foi o lar no espaço de mais de 250 astronautas de 20 países. Ao longo desses 25 anos, completou mais de 100 mil voltas ao planeta e se tornou um laboratório para experiências que mudaram nossa compreensão sobre medicina, física e até a vida no espaço. No entanto, o tempo e o desgaste das estruturas começaram a se manifestar. Os módulos, painéis e suportes metálicos já mostram os efeitos de décadas de exposição a temperaturas extremas, micrometeoritos e à pressão constante de manobras orbitais.

Aqueles que tiveram a oportunidade de estar a bordo compartilharam imagens que oferecem uma visão extraordinária da Terra.

Don Pettit, um astronauta veterano que já completou três missões na Estação e regressou à Terra no dia de seu 70º aniversário, é um dos fotógrafos mais reconhecidos.

Confira algumas das melhores fotos compartilhadas.

A Estação Espacial “não foi projetada para durar para sempre”, admite a NASA. O crescimento dos custos de manutenção e os riscos relacionados à idade do equipamento tornaram inevitável o fim da estação. Contudo, a agência americana não deixará nada ao acaso, e o último ato da ISS será cuidadosamente coordenado.

Uma despedida controlada

No momento certo, a estação iniciará uma descida lenta e controlada, sob a supervisão de engenheiros na Terra. A resistência da atmosfera reduzirá gradualmente sua altitude até que um veículo especial, o U.S. Deorbit Vehicle (USDV), projetado pela SpaceX, entre em cena.

O USDV funcionará como um “rebocador espacial”: empurrará a enorme estrutura – que pesa mais de 400 toneladas, equivalente ao tamanho de um campo de futebol – em direção a um ponto remoto do Oceano Pacífico conhecido como Ponto Nemo, também descrito como “cemitério de naves espaciais”. É nesse local, a mais de 2.600 quilômetros de qualquer terra firme, que dezenas de satélites e estações espaciais já encontraram seu descanso final.

Assista ao vídeo que mostra a vista do mundo em menos de um minuto, capturado pelo astronauta Sławosz Uznański-Wiśniewski.

Durante a reentrada, grande parte da ISS será consumida pelo calor intenso ao atravessar as camadas densas da atmosfera. Os fragmentos que sobreviverem à queima devem cair inofensivamente no mar. O processo, que exigirá coordenação entre a NASA, a Roscosmos (Rússia), a Agência Espacial Europeia, o Japão e o Canadá, será o mais complexo retorno controlado da história.

O que vem depois da ISS?

Com a despedida da estação, a NASA não pretende desenvolver uma substituta direta. Em vez disso, focará em uma nova fase: estações espaciais privadas. Empresas como a Axiom Space, a Blue Origin (com o projeto Orbital Reef) e a Voyager Space (com a Starlab) já estão trabalhando em plataformas comerciais que deverão entrar em órbita nos próximos anos.

A agência planeja deixar de operar uma estação própria e começar a “alugar tempo” nessas novas estruturas para realizar experimentos e treinar astronautas. Essa mudança deve reduzir custos e abrir portas para uma participação mais ampla de empresas e turistas no espaço.

Entretanto, a visão da NASA se estende ainda mais. O programa Artemis, que visa o retorno à Lua e a preparação para missões a Marte, é a prioridade para a próxima década. As lições aprendidas na ISS, sobre sobrevivência prolongada no espaço, manutenção de sistemas de suporte de vida e colaboração internacional em microgravidade, serão essenciais para futuras missões.

O adeus a um símbolo

Para muitos cientistas e astronautas, o fim da ISS será um momento de grande emoção. A estação não foi apenas um laboratório: foi um símbolo de cooperação entre países que, muitas vezes, têm dificuldades em se entender na Terra.

Além disso, sempre há quem queira acelerar o processo. Elon Musk, fundador da SpaceX, sugeriu nas redes sociais que “é hora de retirar a estação de órbita” e que essa operação deveria ocorrer “o mais rapidamente possível”, talvez até em 2027. Uma proposta que a NASA, até o momento, tem tratado com cautela.

No final, mesmo que Musk deseje “acelerar” o passado para alcançar Marte mais rapidamente, a agência norte-americana prefere assegurar que a despedida da ISS seja feita com o respeito e o cuidado que um marco histórico merece.

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