O crescimento das empresas por meio de fusões e aquisições (M&A) tem se tornado uma tendência em todo o mundo, e o papel do CEO nessas operações não é mais apenas de uma pessoa, mas sim de um princípio tríplice: Cultura, Ética e Otimização.
Durante muitas décadas, as fusões e aquisições eram tratadas como simples cálculos matemáticos. A equação reduzia-se a resultados financeiros, sinergias e eficiência. No entanto, as novas gerações de gestores e investidores passaram a exigir que houvesse coerência entre os valores e as práticas empresariais.
Nesse contexto, a regulamentação europeia reforçou essa mudança, elevando o ESG (Environmental, Social and Governance) a um critério que não só influencia a reputação, mas também afeta as notas e os resultados das empresas. Fusões que desconsideram aspectos de cultura e ética empresarial tendem a não alcançar o valor desejado.
Assim, o acrônimo CEO adquire um novo significado. O “C” representa Cultura, que é o alicerce de qualquer organização, moldando as regras e determinando como se decide, comunica e reage internamente.
Quando duas empresas realizam uma fusão ou uma adquire a outra, o primeiro choque que surge não é financeiro, mas cultural. A integração de estruturas empresariais requer a harmonização de linguagens, estilos de liderança e expectativas. Na maioria das vezes, as fusões e aquisições falham devido à avaliação inadequada da compatibilidade de valores entre as empresas. O capital só gera valor duradouro quando as pessoas o reconhecem como seu.
O “E” é de Ética, que se tornou um novo critério para transações. As tradicionais auditorias de due diligence, focadas em documentos e balanços, evoluíram para analisar práticas sociais, ambientais e de governança.
A legislação europeia tem se alinhado a essa visão. As Diretrizes CSRD e CSDDD impõem transparência ao longo de toda a cadeia de valor das empresas, incluindo impactos nos direitos humanos e no meio ambiente. O mecanismo de “último recurso” oferece uma base legal para anular fusões ou aquisições (e até relações comerciais) caso a empresa alvo não cumpra padrões mínimos de ESG. A ética, portanto, se torna um fator de alto risco financeiro e legal.
Por fim, o “O” representa Otimização, que diz respeito à integração inteligente, que não se limita apenas a cortes, mas que preserva a diferenciação e melhora pontos vulneráveis. Na fase de otimização, o objetivo da concentração de empresas se transforma em eficiência, alinhando processos e aumentando a escala, sem perder a identidade e o propósito.
A lei já exige que os gestores façam decisões levando em consideração os interesses de longo prazo dos acionistas e das partes interessadas relevantes para a sustentabilidade da empresa, e não apenas os resultados financeiros do momento.
A concentração deverá continuar a ser uma tendência, pois é um passaporte privilegiado para o crescimento empresarial. O sucesso dessas operações cada vez mais se baseia em dados e resultados não financeiros. Isso nos leva a concluir que o novo CEO não reside em um gabinete, mas se manifesta na maneira como as empresas se percebem, se unem e constroem laços.
Como diz um provérbio africano, “Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai acompanhado.” Essa pode ser uma reflexão válida também para as empresas.
