A cada ano, a implementação da IA Generativa na Administração Pública em Portugal resulta em um aumento de 9% na produtividade e adiciona 1,2 bilhões de euros à economia do país, conforme apontado por um relatório da Google Portugal divulgado hoje. O estudo foi realizado pelo Implement Consulting Group em parceria com a Católica Lisbon School of Business and Economics.
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Em entrevista ao TEK Notícias, Filipa Brigola, responsável por Assuntos Governamentais e Políticas Públicas da Google em Portugal, destacou que a inteligência artificial generativa já está mudando a maneira como trabalhamos e que a administração pública tem a oportunidade de aproveitar essas ferramentas e modernizar seus processos.
“Não se trata apenas de ganhos em eficiência e produtividade, mas também de recursos que podem ser reinvestidos,” afirmou, lembrando que 1,2 bilhões de euros correspondem ao orçamento para a coesão territorial.
A Google tem analisado o impacto econômico da IA Generativa e, no ano passado, um estudo já indicava uma melhoria de 8% no PIB e ganhos de 18 a 22 trilhões de euros na economia até 2050. Filipa Brigola enfatiza que, além do setor privado, a administração pública é um foco importante devido ao seu papel no retorno de valor à economia.
“Temos o desafio de aumentar a competitividade da Europa, atrair investimentos econômicos e simplificar a vida dos cidadãos e das empresas,” justifica. “Se falharmos na adoção, corremos o risco de ficar para trás”, advertiu Filipa Brigola.
De acordo com dados do estudo, mais da metade dos trabalhadores do setor público português já utiliza ferramentas de IA e 80% acreditam que estas terão um papel relevante nos próximos 10 anos.
A análise revela que a maioria dos processos e empregos pode ser aprimorada com o apoio da IA, indicando que 66% dos funcionários (cerca de 200.000 pessoas) poderiam otimizar suas tarefas diárias, permitindo maior foco em um atendimento mais próximo ao cidadão e na resolução de problemas complexos, como documentação de pedidos de nacionalidade, redação de textos legais e encaminhamento de casos para o departamento adequado.
Simplificação com impacto no cidadão e empresas
O estudo aponta diversos casos em que a IA Generativa pode contribuir significativamente para a melhoria da produtividade e a simplificação de processos. Filipa Brigola destacou a assistente de IA no portal Gov.pt, que, em seu primeiro mês, respondeu a mais de 17 mil consultas, resolvendo 62% dos casos sem intervenção humana.
A responsável da Google salientou que essa transformação pode resultar em menos burocracia e um acesso mais rápido a serviços essenciais. Além disso, mencionou a possibilidade de a IA auxiliar no preenchimento de formulários e na orientação dos usuários, beneficiando também empresas em candidaturas a contratos públicos, por exemplo.
Reconhecendo a vastidão da Administração Pública, com diversas áreas de atuação e perfis de profissionais variados, Filipa Brigola apontou para o impacto abrangente das ferramentas em todos os setores, especialmente em educação, saúde e justiça.
O estudo revela que 20% do potencial da IA se concentra em aplicações internas de baixo risco, que podem ser implementadas em uma fase inicial, enquanto soluções voltadas para o cidadão, aproveitando dados, representam 80% do potencial e podem ser geridas em várias etapas, resultando em ganhos significativos.
Oportunidade de reforma?
Em um momento em que o Orçamento de Estado está em discussão, num governo com forte foco na simplificação e na Reforma do Estado, é crucial que Portugal não perca a oportunidade de adotar essa tecnologia.
O relatório foi especificamente orientado à Administração Pública devido a esse empenho do governo em reformar o Estado? Filipa Brigola explicou que o estudo estava sendo preparado desde o início do ano, antes de se conhecer a nova estrutura do governo, e sofreu algumas modificações devido a esse contexto.
Recomendações para maior impacto da IA Generativa
O relatório também apresenta recomendações para maximizar o impacto da IA Generativa na Administração Pública, priorizando tarefas transversais para alcançar escala nas soluções de IA.
Em entrevista ao TEK Notícias, Filipa Brigola argumenta que as estratégias de contratação de IA devem ser interinstitucionais, não se limitando a um único organismo ou setor, aumentando assim o potencial de escala. Para isso, é necessário desconstruir barreiras.
“O processo de decisão é fragmentado […] existe receio de infringir regras, desconhecimento e incerteza quanto ao quadro regulatório,” elucidou a responsável da Google.
Ainda ressaltou os riscos de dependência de fornecedores e a importância de alinhar escolhas a padrões abertos, garantindo flexibilidade e escalabilidade. Como melhores práticas, ela mencionou a monitorização de custos de assinatura e o estabelecimento de práticas éticas, seguras e sustentáveis nos contratos com fornecedores.
