África continua a ser um continente onde muitos países enfrentam dificuldades no acesso ao digital e a serviços básicos de internet e telecomunicações. Durante o Mobile World Congress em Kigali, Ruanda, um consórcio anunciou as bases técnicas para a criação de smartphones 4G acessíveis. A iniciativa reúne a GSMA (entidade global da indústria de telecomunicações) e seis dos principais operadores de telecomunicações em África, como a Orange, com o objetivo de ampliar o acesso a smartphones em todo o continente.
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De acordo com informações da wearetech.africa, a coligação apresentou a normalização técnica para smartphones 4G acessíveis. Este novo standard define componentes essenciais, como memória, ecrã, bateria e câmara, que asseguram uma experiência 4G para dispositivos com preços entre 30 e 40 dólares. Esses componentes representam entre 50% a 70% do custo total do aparelho, segundo a GSMA.
As empresas participantes afirmam que a redução dos custos depende da otimização de componentes, da obtenção de economias de escala por meio da produção em massa e da minimização de despesas como patentes, logística e margens de distribuição. Com a normalização, as operadoras poderão solicitar o mesmo modelo, possibilitando que os fabricantes de componentes reduzam os preços para grandes encomendas. A GSMA espera que, com essa estratégia, se consolide a demanda em torno de um design único, incentivando os fabricantes a produzir em larga escala e a custo mais baixo.
Nos próximos meses, o consórcio irá estabelecer os requisitos padrão para os smartphones 4G acessíveis. Além disso, a GSMA negociará com os governos africanos a redução de taxas sobre smartphones vendidos por menos de 100 dólares. Já se observa esses cortes na África do Sul, onde as taxas foram diminuídas para dispositivos abaixo de 136 dólares desde março deste ano, com o intuito de tornar a tecnologia mais acessível para as famílias em situação de vulnerabilidade.
A GSMA destaca que, em certos países, os impostos de IVA e de importação aumentam o custo dos dispositivos em mais de 30%, sendo este valor repassado aos consumidores. Em muitas nações, o principal obstáculo ao acesso aos serviços móveis não é a cobertura das redes, mas sim o custo dos smartphones. A previsão é que, em 2024, a cobertura do continente atinja 86% para 3G, 71% para 4G e 11% para 5G. Estima-se que um preço de 40 dólares por smartphone poderia conectar 20 milhões de pessoas online, enquanto a 30 dólares, esse número poderia subir para 50 milhões.
Durante a conferência sobre smartphones na África, o diretor-geral da GSMA enfatizou que o acesso a um smartphone não é um luxo, mas sim uma necessidade para serviços essenciais, oportunidades de emprego e inclusão na economia digital. O trabalho do consórcio é considerado um passo significativo para reduzir a divisão digital, permitindo que milhões de pessoas tenham acesso à conectividade móvel.
