O Mjällby, um clube modesto da região de Hällevik, uma pequena localidade pesqueira da Suécia, confirmou nesta segunda-feira a sua conquista do título de campeão sueco ao vencer o Gotemburgo por 2-0 fora de casa.
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Faltando três jornadas para o fim do campeonato, o conto de fadas vivido pelo Mjällby ao longo da temporada teve um desfecho feliz.
O clube, que apenas subiu ao escalão principal do futebol sueco em 2020, alcançou, com esse triunfo na 27.ª jornada, os 66 pontos, 11 a mais do que o Hammarby, atual segundo colocado, com três jogos ainda por disputar.
Nos três jogos restantes, o Mjällby tem a oportunidade de fazer mais história: está a apenas um ponto do recorde de 67, a maior pontuação alguma vez alcançada por uma equipa na competição, estabelecida pelo Malmö em 2010 e 2018.
O sucesso da equipe pode ser atribuído a uma sólida performance defensiva, com apenas 17 gols sofridos em 25 jogos (a defesa menos vazada) e um ataque (45 gols marcados) que só é superado pelo Hammarby (49 gols).
O plantel é composto por muitos jovens talentos, reunindo 19 jogadores suecos, além de dois finlandeses, dois nigerianos, um norueguês, um dinamarquês, um gambiano, um camaronês e um paquistanês. A média de idade dos 28 jogadores do elenco é de 22,6 anos.
Dos momentos complicados à glória
O Mjällby viveu períodos difíceis que ameaçaram sua permanência na liga, incluindo uma situação em 2016, quando esteve a um jogo de ser rebaixado para a quarta divisão.
Em 2018, conquistou o campeonato da terceira divisão sueca, o que possibilitou a sua ascensão. No ano seguinte, tornou-se campeão da 2.ª divisão, retornando à elite do futebol sueco. Ao longo de seus 86 anos de história, o clube passou apenas 11 na Primeira Divisão, tendo alcançado o 5.º lugar na temporada passada como sua melhor classificação histórica.
Jacob Lennartsson é uma das figuras centrais do sucesso do Mjällby. Ele jogou nas categorias de base do clube, chegando à equipe principal. Em 2016, retornou para ser treinador da formação, e em 2021 assumiu o cargo de diretor geral, após trabalhar no departamento de comunicação e eventos.
Para se manter na Allsvenskan, a principal liga sueca, o clube dependeu de jogadores emprestados por grandes times, como Malmö, AIK e Djurgården. No entanto, essa dinâmica de empréstimos limitava o crescimento do clube.
Essa situação foi alterada com a venda de dois jogadores que renderam quase três milhões de euros: Nicklas Rojkjaer foi transferido para o Nordsjaelland da Dinamarca por 1,7 milhões de euros, e Colin Rosler, de 25 anos, foi vendido ao Malmö por 1,1 milhões de euros em 2024, um ano e meio após ter chegado ao clube a custo zero.
A gestão de recursos escassos e a valorização de talento têm sido a base do sucesso, pois, de outra forma, competir com os clubes da capital seria inviável.
O gigante Malmö gera receitas em torno de 80 milhões de euros, enquanto o Mjällby arrecada apenas oito milhões. O AIK de Estocolmo, por exemplo, obtém em bilhética o mesmo que o Mjällby arrecada de todas as suas fontes de rendimento.
A liderança do clube desde 2016 é de Magnus Emeus, que destacou a força da comunidade e a tradição como fundamentais para o crescimento do Mjällby.
“Costumo dizer que precisamos ser melhores nas coisas gratuitas. Podemos ter um espírito de equipe superior ao do Real Madrid e nos prepararmos para um jogo melhor que o do Manchester United”, afirmou, segundo a Associated Press.
