O número de vítimas fatais no incêndio residencial em Hong Kong subiu para 128, conforme anunciou o governo da cidade nesta sexta-feira.
De acordo com informações da Reuters, aproximadamente 200 pessoas ainda estão desaparecidas e 79 ficaram feridas, incluindo 12 bombeiros, sendo um deles em estado crítico.
As operações de busca e salvamento, que contaram com a mobilização de mil agentes da polícia, foram consideradas concluídas nesta sexta-feira.
Segundo a mesma fonte, os alarmes de incêndio nos edifícios afetados não estavam funcionando corretamente.
Esta tragédia gerou comoção na região administrativa especial da China, evidenciando vulnerabilidades relacionadas à alta densidade populacional e resultou em uma revisão das práticas de construção e uma investigação sobre possível corrupção.
Moradores do complexo habitacional de quase duas mil unidades, inaugurado em 1983 no distrito de Tai Po, no norte de Hong Kong, relataram à AFP que não ouviram alarmes e tiveram que bater em portas para avisar os vizinhos.
“O fogo se alastrou muito rápido”, contou um homem que se identificou apenas como Suen. “Tocando a campainha e batendo nas portas, mandando-os correr — era assim que as coisas aconteciam”, descreveu.
A polícia informou a prisão de três homens suspeitos de “negligência grosseira” após a descoberta de materiais inflamáveis abandonados durante as obras, o que facilitou a rápida propagação do fogo devido aos ventos fortes.
A extensão exata do envolvimento dos três detidos no início do incêndio ainda não está clara.
O chefe do Executivo, John Lee Ka-chiu, anunciou uma inspeção em todos os principais projetos de renovação da cidade.
Eric Chan, vice-chefe do Governo, destacou ser “imperativo acelerar a transição completa para andaimes metálicos”, já que os andaimes de bambu ainda são comuns em Hong Kong.
O incêndio também pode ter repercussões na concessão e execução de contratos de construção.
“Diante da imensa indignação pública, uma força-tarefa foi formada para conduzir uma investigação minuciosa sobre possíveis atos de corrupção no grande projeto de reforma do Wang Fuk Court, em Tai Po”, informou a Comissão Independente de Combate à Corrupção de Hong Kong, em um comunicado.
A Hong Kong Horse Racing Corporation, uma instituição centenária, anunciou hoje que as corridas de cavalo de domingo em Sha Tin ocorrerão à porta fechada e que os jóqueis usarão braçadeiras pretas em sinal de luto.
Hong Kong, com 7,5 milhões de habitantes, apresenta uma densidade populacional média superior a 7.100 pessoas por quilômetro quadrado, podendo ser até três vezes maior nas áreas mais urbanizadas.
Devido à limitação territorial, uma profusão de torres residenciais foi construída, algumas com mais de 50 andares.
