O Kremlin nega qualquer mal-estar entre Vladimir Putin e Sergei Lavrov.
Em resposta à ausência do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia no último conselho de ministros, o porta-voz Dmitry Peskov afirmou que “está tudo bem” e que é “absolutamente falso” que exista um conflito entre os dois.
“Sergei Viktorovich continua a trabalhar ativamente. Quando houver eventos públicos relevantes, o ministro estará presente”, acrescentou Peskov.
Os primeiros rumores começaram após o cancelamento da reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin em Budapeste, supostamente em consequência de uma reunião tensa com o senador Marco Rubio, onde o secretário de Estado teria ficado irritado com a postura maximalista de Lavrov sobre a guerra na Ucrânia, segundo o The Guardian.
Em entrevista ao jornal britânico, um antigo oficial do governo russo, que preferiu manter o anonimato, disse que não há indícios de que Lavrov e Putin estejam em desacordo, ressaltando que seria improvável o presidente russo decidir excluir um dos ministros mais leais de seu governo. Contudo, a fonte mencionou que Lavrov “cometeu um erro diplomático” com a chamada.
“Putin queria a reunião em Budapeste, e não cabia a Lavrov interferir”, relatou a fonte.
A fonte do The Guardian também apontou que Putin já havia demonstrado sua irritação com Lavrov em outras ocasiões, devido ao tom cada vez mais confrontacional do ministro.
Por sua vez, Boris Bondarev, ex-diplomata russo que se demitiu após a invasão em larga escala da Ucrânia, comentou que seria “muito pouco característico” de Lavrov não cumprir seu papel de transmissor da mensagem de Putin.
“Putin sempre se sentiu à vontade para trabalhar com Lavrov ao longo dos anos, pois Sergei Viktorovich é um burocrata experiente. Ele sabe perfeitamente que nunca deve dizer nada que não esteja 100% alinhado com a posição do presidente”, descreveu Bondarev, embora tenha alertado que o Kremlin pode estar tentando responsabilizar o ministro dos Negócios Estrangeiros pelo cancelamento da reunião de Budapeste.
“No sistema russo, o chefe nunca pode estar errado”, acrescentou, segundo o The Guardian.
