Um Novo Porto Espacial Está a Nascer nos Açores: Portugal Prepara-se para Novas Órbitas em Santa Maria

Um Novo Porto Espacial Está a Nascer nos Açores: Portugal Prepara-se para Novas Órbitas em Santa Maria

Um novo porto espacial está em desenvolvimento e a ilha de Santa Maria, nos Açores, foi escolhida para impulsionar as aspirações espaciais de Portugal e, futuramente, da Europa. Localizado na Malbusca, ainda se encontra nas fases iniciais, mas o TEK Notícias teve a oportunidade de visitar o espaço durante uma visita guiada no decorrer da 4ª edição da iniciativa Astronauta por um Dia.

Ainda em atrássto, o Atlantic Spaceport Consortium (ASC) obteve autorização para realizar atividades de acesso ao Espaço a partir da ilha de Santa Maria pela Agência Espacial Portuguesa e ANACOM. A licença é válida por cinco anos e destina-se exclusivamente à operação do centro de lançamento que será instalado na Malbusca.

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Neste momento, o espaço consiste apenas em uma grande placa de betão em um vasto terreno cercado pela natureza, com vacas e uma ampla vista para o oceano Atlântico. A partir deste ponto, o ASC está trabalhando para desenvolver um porto espacial aberto, com lançamentos regulares a partir da ilha açoriana, lançando em 2024 os primeiros foguetões atmosféricos Gama com plataformas móveis, alcançando altitudes de cerca de 5 km.

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Mara Pourré, Chief Safety Officer do ASC, mencionou que, além do espaço amplo disponível para infraestruturas do porto espacial, o local possui várias vantagens em comparação com outros portos espaciais em desenvolvimento na Europa, como o espaço aéreo pouco congestionado, a ausência de áreas densamente povoadas nas proximidades e a proximidade ao mar, que facilita a logística.

De acordo com a responsável, o desenvolvimento acontecerá de forma faseada. Após os primeiros lançamentos de foguetões atmosféricos, ocorrerão os lançamentos de foguetões suborbitais.

Neste caso, não é necessário construir estruturas físicas para lançamento, possibilitando o uso de uma plataforma móvel, como a que foi construída com o apoio da Agência Espacial Portuguesa para os lançamentos dos foguetes Gama, um dos primeiros projetos da Agência Espacial Europeia (ESA) para o porto espacial.

O próximo objetivo é avançar para lançamentos orbitais, que exigem estruturas físicas mais complexas, além de todo um processo de licenciamento, conforme indica Mara Pourré. Para essa fase, o ASC planeja ter duas plataformas de lançamento integradas na Malbusca.

Estão sendo consideradas as possibilidades de instalação de escritórios para gerenciar as operações nas plataformas de lançamento, além de um hangar para que as equipes responsáveis pelas missões realizem a integração dos lançadores.

Haverá também um centro de controle de missão, que, devido às características do terreno, poderá ser situado em uma área segura sem perder de vista os launchpads. O mesmo se aplica às antenas móveis, que permitirão aos especialistas acompanhar os lançamentos.

Nesse contexto, a Agência Espacial Portuguesa está desenvolvendo o projeto de um centro espacial tecnológico na Vila do Porto, que incluirá hangares e escritórios.

Inês d’Ávila, responsável pelos projetos de transporte e segurança espacial da Agência Espacial Portuguesa, detalha que este centro espacial tecnológico será uma infraestrutura que não apenas apoiará o Space Rider, mas também várias outras infraestruturas de retorno.

A maioria dessas missões de retorno deverá realizar amaragem próxima a Santa Maria, sendo em seguida recuperadas e levadas ao centro tecnológico para retirar a carga útil e recuperar os veículos para serem enviados de volta aos países de origem.

Inês d’Ávila ressalta que “existe toda uma linha do tempo alinhada para garantir o sucesso das operações”, e já há empresas interessadas em realizar atividades a partir do futuro porto. “Elas percebem o potencial do local”, enfatiza. Exemplo disso são a Space Forge e a Stellar Kinetics, que já se estabeleceram nos Açores.

“Santa Maria terá um papel muito importante para ajudar na autonomia e resiliência da Europa no acesso ao Espaço,” afirma Inês d’Ávila.

Olhando para o futuro próximo, Mara Pourré lembra que o ASC possui um contrato assinado com a polaca Space Forest para lançar o foguetão suborbital Perun a partir de Santa Maria, previsto para a primavera de 2026. Tudo indica que este poderia ser o primeiro foguetão a alcançar o Espaço a partir do porto espacial português.

O foguetão suborbital de estágio único oferece quase quatro minutos de tempo de experimentação em microgravidade. Com 11,5 m de altura, ele pode lançar cargas úteis de até 50 kg a uma altitude de 150 km, além de estabilizar a carga para voos prolongados em microgravidade de alta qualidade, conforme dados divulgados anteriormente pelo ASC.

Conforme mencionado por Bruno Carvalho, diretor do ASC, Mara Pourré detalha que, no âmbito do contrato, o ASC apoia a SpaceForest na obtenção das aprovações regulamentares e licenças de lançamento necessárias, além de fornecer suporte operacional na ilha, incluindo a recuperação do lançador e sua carga útil do oceano.

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