MADRI, 21 Nov. (EUROPA PRESS) –
A Procuradoria de Portugal confirmou nesta sexta-feira que não informou “por diversas razões técnicas” o Supremo Tribunal do país sobre uma escuta telefónica do ex-primeiro-ministro António Costa no âmbito da chamada Operação Influencer, a investigação que levou à demissão do governante, atrásra presidente do Conselho Europeu.
A operação investigava irregularidades que teriam sido cometidas em várias concessões de exploração de lítio, um projeto de produção de energia a partir de hidrogênio em Setúbal e Sines, e a construção de um centro de dados nesta última localidade pela empresa Start Campus.
O caso desencadeou a demissão do primeiro-ministro depois que a Procuradoria o informou de que seu nome havia aparecido nas escutas feitas a vários suspeitos desta trama, embora tenha reconhecido posteriormente que houve erros nas transcrições das mesmas e que se tratava do ministro da Economia, António Costa Silva.
Nesta sexta-feira, a Procuradoria quis esclarecer vários aspectos sobre essas escutas. Primeiro, acrescentou que “António Costa nunca foi objeto direto de escutas telefónicas nem de vigilância”, mas, de forma circunstancial, “foram detectadas comunicações nas quais participou”, segundo um comunicado publicado em sua página na internet.
A Procuradoria indicou que, por norma, essas comunicações eram levadas ao conhecimento do Supremo, mas segundo uma nova análise, identificou outras sete escutas nas quais participou o primeiro-ministro: seis delas eram “meros tentativas de contato”, mas em uma sétima acabou participando o político. “Por diversas razões técnicas” que afetaram sua detecção inicial, explica a Procuradoria, o Supremo não foi informado de sua existência, assim como dos outros seis tentativas de comunicação.
Em resposta, a defesa do ex-primeiro-ministro exigiu à Procuradoria que esclareça essas “razões técnicas”. “Cabe à Procuradoria investigar quem é responsável pelo que ocorreu e tomar as medidas necessárias”, informam os advogados em um comunicado recolhido pela agência Lusa.
