Adolfo Mesquita Nunes expressa sua preocupação com a maneira como, de modo geral, a sociedade portuguesa, incluindo as empresas, está encarando a inteligência artificial (IA).
Ele emite um alerta importante: muitas organizações não têm sequer uma noção dos riscos que uma ferramenta de IA mal elaborada pode representar. É crucial que elas estejam cientes! O advogado e autor do livro “Algoritmocracia – Inteligência artificial e automação” compartilha um exemplo ilustrativo de como uma má concepção pode causar mais danos do que benefícios: na Áustria, há alguns anos, a instituição equivalente ao nosso Instituto de Emprego e Formação Profissional desenvolveu um algoritmo para cruzar a oferta e a procura, ou seja, conectar empregos disponíveis com pessoas desempregadas. Com o tempo, percebeu-se que a ferramenta favorecia aqueles que, inicialmente, apresentavam maior probabilidade de empregabilidade. Por quê?
Simples, explica: “esse algoritmo, assim como a maioria, foi projetado para máxima eficiência. E, nesse caso, o mais eficiente era juntar as pessoas que tinham mais facilidade em encontrar emprego com as empresas…”. Enquanto isso, outras pessoas “estavam sendo literalmente ignoradas…”. Na IA, o risco é inerente, mas isso não significa que não deva ser utilizada. “É preciso ter consciência de como funcionam os algoritmos e dos seus riscos”, afirma.
Na visão de Adolfo Mesquita Nunes, as empresas portuguesas ainda estão na fase de entender “o que é isso” e “onde faz sentido inseri-la”. Para muitas, a IA ainda é percebida como uma questão de TI (Tecnologia da Informação). Isso não é correto. Trata-se de uma questão estratégica que definirá o futuro.
