“Na era da desinformação, os obscurantistas não rejeitam apenas as evidências científicas, mas também os avanços do multilateralismo; controlam algoritmos, semeiam ódio e espalham medo. Atacam instituições, a ciência e universidades”, denunciou o presidente brasileiro, anfitrião da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que teve início hoje na cidade amazônica de Belém.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, pediu esta segunda-feira aos negociadores da COP30 que proporcionem “uma nova derrota aos negacionistas” e que aumentem o compromisso para alcançar as metas climáticas.
“Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo; eles controlam algoritmos, semeiam ódio e espalham medo. Atacam instituições, a ciência e as universidades”, reiterou o chefe de Estado brasileiro, anfitrião da COP30, que começou hoje em Belém.
Ele enfatizou que este deve ser “o momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”.
Enaltecendo o Acordo de Paris, assinado há 10 anos, Lula da Silva afirmou que, sem ele, “o mundo estaria fadado a um aquecimento catastrófico de quase 5ºC até o final do século”. Considerou que, embora o mundo esteja caminhando “na direção certa, está indo na velocidade errada”.
“No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a um grau e meio na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr”, alertou.
Por esse motivo, Lula da Silva destacou a necessidade de estabelecer metas climáticas mais ambiciosas e exortou os países desenvolvidos a garantirem “financiamento, transferência de tecnologia e capacitação aos países em desenvolvimento”.
“Precisamos de mapas do caminho para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere a dependência dos combustíveis fósseis, pare e reverta o desmatamento e mobilize recursos para esses fins”, afirmou.
O Governo brasileiro pretende se apresentar em Belém como um líder na agenda climática, graças ao combate à desflorestação na Amazônia, mas várias organizações não-governamentais têm criticado a contínua aposta na extração de petróleo em uma área tão sensível como a costa amazônica. Essas organizações apresentaram uma ação na Justiça brasileira para anular a licença de pesquisa de petróleo da Petrobras em uma área próxima à foz do rio Amazonas.
Adotado em 2015, o Acordo de Paris compromete seus signatários a reduzirem as emissões de gases de efeito estufa, de modo que o aquecimento global não ultrapasse 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Agora, 10 anos depois, aguarda-se que os países apresentem novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) para a próxima década.
Conforme novos cálculos do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), o aquecimento global deve atingir, neste século, entre 2,3 e 2,5ºC acima dos níveis da era pré-industrial, caso os países implementem os planos climáticos existentes.
Representantes de cerca de 170 países participam a partir de hoje da COP30, sendo a primeira vez que essa conferência climática é realizada na maior floresta tropical do planeta, um ecossistema vital para a regulação da temperatura global, mas também um dos mais ameaçados pela desflorestação e pela mineração ilegal.
As negociações se estenderão até o dia 21 de novembro, com possibilidade de prolongamento, em Belém, que enfrentou sérios problemas logísticos e preços exorbitantes em hotéis, limitando a estrutura das delegações presentes.
