O Presidente da Tunísia classificou como “ingerência flagrante” nos assuntos internos do país uma resolução aprovada pelo Parlamento Europeu (PE), que pede a “libertação” de detidos por exercerem a liberdade de expressão.
Segundo um comunicado oficial, Kais Saied solicitou ao chefe da diplomacia da Tunísia, Mohamed Ali Nafti, que protestasse junto ao bloco europeu.
“Podem aprender lições conosco no domínio dos direitos e liberdades”, afirmou o dirigente tunisino.
Saied lembrou que convocou o embaixador da União Europeia em Tunes, Giuseppe Perrone, na terça-feira, por “desrespeito pelas regras do trabalho diplomático”, um dia após uma reunião entre o diplomata e o líder do influente sindicato tunisino UGTT.
Os deputados europeus votaram na quinta-feira a favor da resolução, com 464 votos a favor e 58 contra, que pede a libertação de “todas as pessoas detidas por exercerem o seu direito à liberdade de expressão, incluindo presos políticos e defensores dos direitos humanos”, de acordo com o portal do PE.
Na resolução, o PE mencionou Sonia Dahmani, uma conhecida advogada, solicitando sua libertação “imediata e incondicional”.
Dahmani foi solta na quinta-feira, logo após a votação da resolução, após 18 meses de detenção, tendo recebido liberdade condicional.
No entanto, ela ainda enfrenta acusações em vários casos baseados em um decreto sobre desinformação, o qual tem sido amplamente criticado por defensores dos direitos humanos. Os membros do PE pediram a revogação deste decreto.
Enquanto isso, aguarda-se um veredicto na Tunísia em um mega processo contra cerca de 40 figuras da oposição e outras personalidades, acusadas de “conspiração contra a segurança do Estado” e qualificadas como terroristas pelo Presidente Saied.
Na resolução, o PE pediu às autoridades tunisinas que “salvaguardem e protejam a liberdade de reunião e de expressão, bem como a independência do judiciário, consagradas na Constituição tunisina”.
Em um vídeo divulgado pela presidência da Tunísia, Saied também instruiu o ministro dos Negócios Estrangeiros a “protestar veementemente contra uma representante de um país estrangeiro acreditada na Tunísia”, a quem acusou de interferência, sem a identificar.
“Qualquer pessoa que desrespeite o nosso país ou ignore as normas de conduta internacional deve entender que não toleraremos isso e que a responsabilizaremos integralmente pelos seus atos”, acrescentou.
