Estamos solidários, mas não estamos belicistas”, afirmou o chefe de Estado, em resposta aos jornalistas, à saída da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reiterou hoje que os membros da União Europeia e da NATO estão solidários, porém não belicistas, a propósito da incursão de drones denunciada pela Polônia.
“Estamos solidários, mas não estamos belicistas”, destacou o chefe de Estado, ao ser questionado por repórteres.
Quando perguntado se teme um aumento da violência, Marcelo Rebelo de Sousa expressou sua esperança de que isso não ocorra e enfatizou a importância da “unidade europeia, unidade na NATO e uma solidariedade permanente entre todos os membros”.
“Mais do que isso, naturalmente, não se pode fazer, já que depende muito do que outros decidirem. Não há nenhuma iniciativa ofensiva por parte da NATO ou de seus membros. Portanto, estamos solidários, mas não estamos belicistas”, acrescentou.
De acordo com o Presidente, “é necessário que as opiniões públicas tenham a noção exata de que este momento é decisivo”.
Em referência à Rússia, Marcelo Rebelo de Sousa comentou: “Se aquele que provocou o problema na Ucrânia e criou esta atmosfera de tensão perceber que, da nossa parte, existe uma capacidade de afirmação, de unidade e solidariedade, talvez pense duas vezes, o que poderia nos ajudar a superar esta fase, que é o que todos nós desejamos.”
“Nós não desejamos guerra nem tensão, mas temos a noção de que para isso é preciso mostrar a força da unidade e da solidariedade”, reforçou.
Sobre sanções, o chefe de Estado afirmou que “as sanções já estão aprovadas ou preparadas para aprovação”.
As autoridades da Polônia relataram hoje uma incursão de drones russos em seu espaço aéreo e pediram uma consulta urgente aos aliados da NATO, invocando o artigo 4º do Tratado do Atlântico Norte.
O artigo 4º prevê consultas entre os membros da NATO sempre que um dos Estados-Membros considere estar ameaçada a sua integridade territorial, independência política ou segurança.
Na Universidade Católica Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa participou de uma conferência em homenagem ao economista e ex-ministro das Finanças Ernâni Lopes, falecido em 2010, a quem foi atribuída, postumamente, uma condecoração com a Ordem de Camões.
Na mesma conferência, discursou também o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro José Manuel Durão Barroso, que lidera o Centro de Estudos Europeus da Universidade Católica Portuguesa.
Durante sua fala, Durão Barroso comentou sobre os atuais desafios da União Europeia e considerou que “a Europa está em um momento de escolhas essenciais”, precisando “decidir e agir”.
“A Europa se apagará se continuar com anúncios que nem sempre se traduzem em resultados, se permanecer dependente dos outros, atuando como um adolescente geopolítico em vez de assumir o papel de adulto responsável que assegura sua própria defesa”, afirmou.
Segundo Durão Barroso, a União Europeia deve “reconhecer que o mundo mudou fundamentalmente”, que “a Europa já não está mais no centro desse mundo” e que está ocorrendo “uma grande revolução científica e tecnológica”.
“Há o risco de perdermos nossa posição, especialmente para países como os Estados Unidos da América e a própria China”, alertou.
Ele defendeu ainda que a União Europeia não pode “continuar a resistir à necessidade de completar seu mercado interno” nem “ceder ao nacionalismo econômico de alguns de seus Estados-Membros, incluindo alguns dos maiores.
