Em um debate transmitido pelo canal oficial do clube, realizado no novo Hotel Benfica 1904, em Lisboa, houveram inúmeras acusações mútuas entre os candidatos, que se referiram um ao outro como “mentirosos”, em um ambiente tenso e sem novas propostas.
O atual presidente Rui Costa e o gestor João Noronha Lopes mantiveram a tensão e as trocas de acusações na última discussão antes das eleições dos órgãos sociais do Benfica, sem apresentar “trunfos na manga”.
Rui Costa, que finalizou o debate pedindo desculpas aos benfiquistas pelo “debate que não dignificou o clube”, reconheceu que sua gestão não atingiu o número de títulos desejado no futebol, mas expressou o sonho de alcançar 40 campeonatos até 2029.
“Temos a obrigação de trabalhar para tentar ganhar mais do que os outros. Não foi o mandato que queria em títulos, mas tenho o desejo de, ao menos, finalizar meu mandato com a quarta ‘estrela’ no emblema. É o anseio de todos os benfiquistas”, afirmou, acrescentando que o Benfica “está preparado para realizar melhores investimentos, adquirindo melhores jogadores por um menor valor”.
Por outro lado, João Noronha Lopes destacou estar “farto de não ganhar” e criticou a direção do Benfica, que segundo ele, está “resignada” e sempre buscando justificativas, sem buscar vitórias, solicitando que Rui Costa assuma a responsabilidade pelas dificuldades enfrentadas.
“Como é que, após gastar 130 milhões de euros em reforços, já estamos falando de novos reforços para janeiro? Mais uma vez, houve uma má gestão desportiva. Rui Costa já demonstrou que não tem nenhum projeto para vencer. O maior legado do seu mandato é o bicampeonato do Sporting. Isso não posso perdoar. Como os benfiquistas acreditarão que, após quatro anos sem ganhar, atrásra vamos vencer, se tudo está sendo feito da mesma forma?”, questionou.
O antigo futebolista negou qualquer desinvestimento no futebol feminino, reconheceu falhas na bilheteira, pretende se aproximar das Casas do Benfica, assumiu que terá “modelos diferentes” de Assembleias Gerais no futuro e lembrou do “forte investimento” nas modalidades, buscando títulos europeus no futsal e no hóquei em patins no próximo mandato.
João Noronha Lopes, que perdeu a eleição de 2020 para Luís Filipe Vieira, expressou a intenção de criar um departamento de ‘scouting’ para o futebol feminino e um portal para a bilheteira, sugeriu “congelar” o preço dos lugares anuais, lamentou a condição de algumas Casas do Benfica “ao abandono”, deseja criar condições para ampliar as assembleias gerais a mais sócios e investir na formação nas diversas modalidades da “águias”.
Sobre as finanças, Rui Costa garantiu que o Benfica “não está falido e continua a ser o clube português com melhores condições financeiras” e foi enfático sobre os direitos televisivos: “Iremos ter um contrato televisivo superior ao que temos e faremos de tudo para que a BTV continue a ser nossa operadora. É uma questão urgente.”
Em resposta, Noronha Lopes concordou com a necessidade de um “melhor contrato” e propôs pensar além dos próximos dois anos, criticando a saída do Benfica da discussão sobre a centralização dos direitos televisivos: “Foi submetido um projeto e o maior clube português está fora do processo. Os direitos televisivos não são a solução para todos os problemas. Há muito a se fazer para melhorar o futebol português e o Benfica não pode se ausentar em um momento crucial”, afirmou o gestor, de 59 anos.
O atual líder e João Noronha Lopes vão disputar no sábado a segunda volta das eleições para o quadriênio 2025-2029, após a primeira volta onde Rui Costa obteve 42,13% dos votos, contra 30,26% de Noronha Lopes, sem alcançar uma maioria absoluta.
Luís Filipe Vieira (13,86%), João Diogo Manteigas (11,48%), Martim Mayer (2,10%) e Cristóvão Carvalho (0,18%) eram os demais candidatos que não conseguiram passar para a segunda volta, onde, além da direção, as duas listas mais votadas irão disputar a Mesa da Assembleia Geral, o Conselho Fiscal e a Comissão de Remunerações.
